quarta-feira, 30 de março de 2011

Presente de Antenor


Voar
Foi um passo no escuro, 
um salto sobre um muro 
sem saber aonde ir.
Muito mais do que isso
havia o compromisso 
de querer ser feliz. 
                        Não faz falta o chão,
                        não existe o cair
                        a quem aprende voar.

domingo, 27 de março de 2011

Palavras

É incrível o poder que as palavras têm sobre mim. É através delas que construo minha concepção das coisas. É pelas palavras que construo o mundo e meu olhar sobre ele. Sempre foi assim. Escolhi minhas ideologias pelas palavras que me falavam de cada uma delas. Me apaixonei antes pelas palavras e depois pelas pessoas que as pronunciavam. Talvez por isto minha primeira escolha acadêmica tenha sido Letras. Talvez por isto eu goste tanto de poesias, porque nelas vejo muitas possibilidades de construção de sentidos. Elas me dão muita liberdade em ver e crer aquilo que desejo. Diferente das descrições ou narrativas mais objetivas.
Tenho retomado Guimarães Rosa, motivada pelas palavras de minha irmã, que várias vezes me falava com tanto entusiasmo da leitura de "Grande Sertão Vereda", de todas as subjetividades que ela percebia ali e que eu nunca havia sequer notado. Então encontrei poesia na narrativa e outra forma de me relacionar com as palavras.
Outra percepção que tenho de minha relação com elas está na forma como acredito naquilo que me é dito ou escrito. Se as palavras foram proferidas por alguém que amo, que estimo, que admiro, eu acredito nelas sem questionamentos. Porque a palavra é, para mim, a expressão da pessoa.
Assim tive decepções religiosas, políticas, amorosas, profissionais, acadêmicas. Mas da mesma forma também construí muitas fortalezas, que me ajudam a enfrentar o dia-a-dia da vida.
Há palavras que me sustentam e me fazem acreditar em algo e este acreditar é que me permite viver e ser feliz.

domingo, 20 de março de 2011

Guimarães Rosa

"O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."

João Guimarães Rosa

segunda-feira, 14 de março de 2011

Saudade de Casa

Sei que aqui é minha casa, mas em Porto Alegre, mora minha alma. Aqui tenho meu trabalho, minha rotina, meu amor (aliás é por ele que aqui estou), mas lá tenho os cheiros, as cores, as vozes e ruídos. Tenho a imagem da correria do final do dia, das caminhadas na Redenção, na beiro do Lago Rio Guaíba. Tenho as visitinhas corridas na casa dos irmãos. O almocinho de domingo, pegando um churrasco no Décio e levando prá casa minha ou da Siri, prá falar com as filhas e das filhas. Ter com quem falar da vida, Faltam-me as quintas a noite no Parangolé, ouvindo a voz do Professor Darci e os discursos marxistas da Anésia (tão bom). Faltam-me as conversas sem pé nem cabeça com a Cláu e a Rô ( e os cachorros atrás). Mas principalmente e acima de tudo, faltam meus filhos. Engraçado, porque a gente tá sempre perto, mesmo estando longe, mas sinto falta da rotina. Nunca imaginei sentir falta da rotina. De acordar a Diuca e avisar que ela não deve deixar prá sair da cama no último minuto, de ouvir as tagarelices do Tui, do vai e vem da Rô (sempre iniciando alguma coisa nova). Falta de fazer nossas dancinhas na cama e inventar histórias no almoço ou jantar. Falta de um tempo que já não existia mais, mesmo quando ainda morávamos juntos. Li o que a Nara escreveu nos comentários e penso que entendo os sentimentos da minha mãe quando ela me fala que sentes-se muito feliz em olhar prá trás.
Lá atrás estavam todos e junto de todos estava o vir a ser.
Acho que é isto que faz falta.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Depois do Carnaval

Neste feriado fiquei pensando no poder do tempo em nossas vidas. Há anos atrás o feriado de carnaval era sinônimo de muita festa, em casa, no clube, na rua. Noites sem dormir, dias de ressaca e isto era viver. Neste carnaval recebi minha mãe, minha sogra e a avó de meu marido. As idades entre 75 e 97 anos. Isto me permite conviver com outras formas de olhar para a vida. De outro ângulo. São outros prazeres, diferentes satisfações. A chuva e o frio, tão raros aqui em Campinas, não ajudaram muito, mas mesmo assim aprendi muito nestes dias.Estas três mulheres, que dentro dos limites de suas idades, não deixam de aproveitar um minuto sequer da vida, seja viajando, fazendo novas amizades, compartilhando lembranças (que nem foram construídas junto), demonstrando o prazer em estar perto dos filhos, ou simplesmente contemplando a vida, me fizeram ver que há sempre uma possibilidade de folia. Cada coisa a seu tempo.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Retornando

Bem, este blog nasceu, foi semi-deletado e agora, em virtude da criação do Blog do Cemei Irmã Dulce, que não sou eu, kkkk, pretendo retomá-lo.
Aqui não falo apenas em Educação, mas na vida e nas possibilidades de vivê-la.
Como Educação constitui a maior parte da minha vida, este acabará sendo sempre o assunto
principal, mas com certeza, não será o único.