sábado, 15 de agosto de 2015

Ravena, Mosaicos e a Paixão de Aprender

Ravena, Mosaicos e a Paixão de Aprender




Tenho pensado muito na questão do desejo de aprender e nas coisas que tenho vivido na Itália. Apesar de me me referenciar, atualmente, em diferentes pensadores e correntes pedagógicas, foram Piaget e Vygotsky os primeiros que me vieram à lembrança quando pensei nas aprendizagens que tenho construído nos últimos meses.

“É uma construção contínua, comparável à edificação de um grande prédio que, na medida em que se acrescenta algo, ficará mais sólido, ou à montagem de um mecanismo delicado, cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peças tanto maiores quanto mais estável se tornasse o equilíbrio.” (PIAGET,1990 p.12)
 
Não se pode gostar daquilo que não se sabe que existe e quanto mais se conhece mais se compreende e maior é a possibilidade de gostar. E quanto mais se gosta, mais se quer conhecer. Isso é muito gostoso.
Penso que nunca gostei de mosaicos, por exemplo. Nunca estudei sobre isso na escola. Tive noções de história da arte, algumas menções sobre escultura, nada de arquitetura e o pouco que sei sobre pintura (que é a arte visual que mais me agrada) aprendi com minha mãe.
Aprendi alguma coisa de história, para além do conteúdo escolar, com minha irmã Nara, que sempre gostou dessa área. Lembro que ela colecionava a revista Conhecer e que cada fascículo que chegava em nossa casa era uma alegria, pois depois que explorávamos, do nosso jeito, Nara sempre explicava alguma coisa a mais, daquilo que nos havia interessado.
 Por ter uma visita programada a Ravena, me detive em estudar um pouco sobre a história daquela cidade e da arte que encontraria lá, em especial os mosaicos.  Foi lembrando das coisas que via na revista Conhecer, de palavras soltas como Ostrogodos, Bizantinos e Gótico, que me deliciei pesquisando sobre Ravena. 
Meu olhar alargou, compreendi o porquê de tantos dourados, das figuras planas.
Voltei apaixonada pela cidade, pelos mosaicos e pela compreensão da ligação entre oriente e ocidente.
Voltei pensando, também, na responsabilidade que temos, como educadores, de ampliar o universo de conhecimento de nossos alunos. Uma pequena indicação do caminho, um breve comentário sobre alguma gravura, fotografia ou texto pode ser o disparador do desejo e dos significados que que cada um irá atribuir às descobertas posteriores.  
 
  Vygotsky trabalha explícita e constantemente com a ideia de reconstrução, de reelaboração, por parte do indivíduo, dos significados que lhe são transmitidos pelo grupo cultural. A consciência individual e os aspectos subjetivos que constituem cada pessoa são, para Vygotsky, elementos essenciais no desenvolvimento da psicologia humana, dos processos psicológicos superiores. A constante recriação da cultura por parte de cada um dos seus membros é a base do processo histórico, sempre em transformação, das sociedades humanas. (KOHL, 1993, p. 63)

Ravenna ficou guardada em um cantinho bem especial de meu coração e as coisas que vi e aprendi por lá já me fizeram ver de outra forma as coisas que vi depois. Também me fizeram compreender um pouco melhor outras, que já tinha visto antes e enxergado de um jeito diferente do que vejo agora.
Essa é a paixão do aprender. Amooo.


KOHL, M. Vygotsky: Aprendizado e desenvolvimento. Um processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione,1993, p.63.

PIAGET, J. Seis estudos de Psicologia. Rio de Janeiro: Forense Universitária Ltda, 1990, p.12.

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