Ravena, Mosaicos e a
Paixão de Aprender
Tenho pensado muito na
questão do desejo de aprender e nas coisas que tenho vivido na
Itália. Apesar de me me referenciar, atualmente, em diferentes
pensadores e correntes pedagógicas, foram Piaget e Vygotsky os
primeiros que me vieram à lembrança quando pensei nas aprendizagens
que tenho construído nos últimos meses.
É uma construção
contínua, comparável à edificação de um grande prédio que, na
medida em que se acrescenta algo, ficará mais sólido, ou à
montagem de um mecanismo delicado, cujas fases gradativas de
ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das
peças tanto maiores quanto mais estável se tornasse o equilíbrio.
(PIAGET,1990 p.12)
Não se pode gostar
daquilo que não se sabe que existe e quanto mais se conhece mais se
compreende e maior é a possibilidade de gostar. E quanto mais se
gosta, mais se quer conhecer. Isso é muito gostoso.
Penso que nunca gostei de
mosaicos, por exemplo. Nunca estudei sobre isso na escola. Tive
noções de história da arte, algumas menções sobre escultura,
nada de arquitetura e o pouco que sei sobre pintura (que é a arte
visual que mais me agrada) aprendi com minha mãe.
Aprendi alguma coisa de
história, para além do conteúdo escolar, com minha irmã Nara, que
sempre gostou dessa área. Lembro que ela colecionava a revista
Conhecer e que cada fascículo que chegava em nossa casa era uma
alegria, pois depois que explorávamos, do nosso jeito, Nara sempre
explicava alguma coisa a mais, daquilo que nos havia interessado.
Por ter uma visita
programada a Ravena, me detive em estudar um pouco sobre a história
daquela cidade e da arte que encontraria lá, em especial os
mosaicos. Foi lembrando das coisas que via na revista Conhecer,
de palavras soltas como Ostrogodos, Bizantinos e Gótico, que me deliciei pesquisando
sobre Ravena.
Meu olhar alargou,
compreendi o porquê de tantos dourados, das figuras planas.
Voltei apaixonada pela cidade, pelos mosaicos e pela compreensão da ligação entre oriente e ocidente.
Voltei apaixonada pela cidade, pelos mosaicos e pela compreensão da ligação entre oriente e ocidente.
Voltei pensando, também,
na responsabilidade que temos, como educadores, de ampliar o universo
de conhecimento de nossos alunos. Uma pequena indicação do caminho,
um breve comentário sobre alguma gravura, fotografia ou texto pode
ser o disparador do desejo e dos significados que que cada um irá
atribuir às descobertas posteriores.
Vygotsky
trabalha explícita e constantemente com a ideia de reconstrução,
de reelaboração, por parte do indivíduo, dos significados que lhe
são transmitidos pelo grupo cultural. A consciência individual e os
aspectos subjetivos que constituem cada pessoa são, para Vygotsky,
elementos essenciais no desenvolvimento da psicologia humana, dos
processos psicológicos superiores. A constante recriação da
cultura por parte de cada um dos seus membros é a base do processo
histórico, sempre em transformação, das sociedades humanas.
(KOHL, 1993, p. 63)
Ravenna ficou guardada em
um cantinho bem especial de meu coração e as coisas que vi e
aprendi por lá já me fizeram ver de outra forma as coisas que vi
depois. Também me fizeram compreender um pouco melhor outras, que já
tinha visto antes e enxergado de um jeito diferente do que vejo
agora.
Essa é a paixão do
aprender. Amooo.
KOHL,
M. Vygotsky:
Aprendizado e desenvolvimento. Um processo sócio-histórico.
São Paulo: Scipione,1993, p.63.
PIAGET,
J. Seis
estudos de Psicologia.
Rio de Janeiro: Forense Universitária Ltda, 1990, p.12.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ravena
15/08/2015 12h50
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