segunda-feira, 14 de março de 2011

Saudade de Casa

Sei que aqui é minha casa, mas em Porto Alegre, mora minha alma. Aqui tenho meu trabalho, minha rotina, meu amor (aliás é por ele que aqui estou), mas lá tenho os cheiros, as cores, as vozes e ruídos. Tenho a imagem da correria do final do dia, das caminhadas na Redenção, na beiro do Lago Rio Guaíba. Tenho as visitinhas corridas na casa dos irmãos. O almocinho de domingo, pegando um churrasco no Décio e levando prá casa minha ou da Siri, prá falar com as filhas e das filhas. Ter com quem falar da vida, Faltam-me as quintas a noite no Parangolé, ouvindo a voz do Professor Darci e os discursos marxistas da Anésia (tão bom). Faltam-me as conversas sem pé nem cabeça com a Cláu e a Rô ( e os cachorros atrás). Mas principalmente e acima de tudo, faltam meus filhos. Engraçado, porque a gente tá sempre perto, mesmo estando longe, mas sinto falta da rotina. Nunca imaginei sentir falta da rotina. De acordar a Diuca e avisar que ela não deve deixar prá sair da cama no último minuto, de ouvir as tagarelices do Tui, do vai e vem da Rô (sempre iniciando alguma coisa nova). Falta de fazer nossas dancinhas na cama e inventar histórias no almoço ou jantar. Falta de um tempo que já não existia mais, mesmo quando ainda morávamos juntos. Li o que a Nara escreveu nos comentários e penso que entendo os sentimentos da minha mãe quando ela me fala que sentes-se muito feliz em olhar prá trás.
Lá atrás estavam todos e junto de todos estava o vir a ser.
Acho que é isto que faz falta.

2 comentários:

  1. Em uma entrevista dada ao jornal ZH o filósofo paraense Benedito Nunes afirmou que "o afastamento é essencial para o conhecimento do lugar onde se vive....há necessidade de sair da concha para alcançar, o tanto quanto puder, o horizonte que ciscunscreve a gente".Tu te afastastes, e é por isso Dudu que lembra de cheiros, cores, enfim. Pelo menos não é como a tua irmã, que numa caminhada matinal estranhou o cheiro forte de desinfetante que havia no ar, sem se dar conta de uma quase floresta de eucalipto à beira da estrada.

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  2. Mais do que nostalgia de um lugar, Dudu tem saudade de um tempo. Ao lugar ainda podemos retornar (e nossos planos passam por esse caminho), ao tempo passado só podemos olhar com a alma.
    Não há nada mais de cada um que as próprias lembranças (já poemizei sobre isso uma vez).
    O bom mesmo é olhar para traz com saudades e andar para a frente com vontades.
    Te amo por isso, minha guria.

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